terça-feira, 7 de junho de 2011

O ópio dos intelectuais


A história do pensamento político registra, em grande relevo, a obra do ensaísta francês Raymond Aron, particularmente o livro “O ópio dos intelectuais”, de meados do século passado. Publicado num momento de plena hegemonia do marxismo no meio artístico-literário de todo o mundo, o livro pões a nu, com uma lógica arrasadora, a estranha submissão da maioria dos intelectuais aos dogmas da sedutora doutrina criada pelo genial filósofo alemão.

O título do livro é uma irônica referência à famosa passagem de Marx que chamou a religião de “ópio do povo”. Na verdade como demonstra Aron, o marxismo é que se desvirtuou numa crença para muitos artistas e escritores convertidos, que passaram a adotá-lo como verdade absoluta e incontestável.

Aron espantava-se com a cegueira mental dessas pessoas, que continuavam comunistas, apesar de a União Soviética, que tanto exaltavam, ter-se transformado, sob a chefia de Stalin, num estado totalitário, com todas as liberdades suprimidas, e que aprisionava e matava implacavelmente os opositores.

Estou lembrando o livro de Raymond Aron porque ainda hoje, cinqüenta anos depois, e mesmo com o monumental fracasso do socialismo, tantos continuam a cultuar essa anacrônica relíquia da Guerra Fria, que é a Cuba de Fidel Castro. Mesmo quando vêem músicos, bailarinos e desportistas pedirem asilo, aos montes, porque o regime tirânico lhes nega o elementar direito de emigrar, para buscar uma vida melhor em outros países.

Pior: existem muitos que se deixam encantar até mesmo pelo socialismo caricato do bufão Hugo Chávez. Algo que se avizinha da imbecialização.

Se esse poderoso ópio não lhes turvasse as mentes, agiriam como o escritor Rodolfo Konder, de ilustre família de marxistas, que fez a seguinte autocrítica:“Eis a triste conclusão: o sonho socialista acabou. Não deu certo. O capitalismo, com todos os seus problemas, revelou-se mais capaz de promover o desenvolvimento e de preservar os valores universais da democracia. Essa é a verdade.”  Honestidade intelectual é isso aí !


Jefferson Péres – saudoso senador amazonense, em A Crítica, jornal de Manaus-AM. 

Nota: J. Péres escreveu esse artigo mais ou menos em 2006/ 2007, tenho o recorte de jornal A Crítica, porém sem a data da publicação.

José Jefferson Carpinteiro Peres (Manaus, 18/ 03/ 1932 — Manaus, 23 de maio de 2008) foi um professor e político brasileiro, formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas e em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Antes de se tornar político, lecionava na área de Economia, na Universidade Federal do Amazonas. Participou, na década de 1950, da campanha O petróleo é nosso e, em 1988, foi eleito para seu primeiro cargo público: o de vereador em Manaus, cargo para o qual foi reeleito para segundo mandato, cumprido até 1995, quando assumiu sua cadeira no Senado.Foi candidato à vice-presidência do Brasil nas eleições de 2006, na chapa do também senador do PDT Cristovam Buarque, do Distrito Federal. Jefferson Peres já havia anunciado que após cumprir seu mandato de senador, que ia até 2010, abandonaria a vida política, mas acabou falecendo antes, vítima de uma parada cardiáca, em 23 de maio de 2008. 

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