quarta-feira, 27 de julho de 2016

A Irmã Luiza





A Irmã Luiza

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. 1 Coríntios 15:58

Nós temos que reconhecer aquelas pessoas que se doam intensamente por uma causa, sem cair na irresponsabilidade, sem operar o descuido das “outras coisas”. Sou pastor evangélico já há alguns anos e uma das coisas que afirmamos é que o cristão tem que ser comprometido com Cristo. A irmã Luíza Nunes tem 46 anos e mora em Floresta do Araguaia-PA.

Muitos cristãos não se comprometem com a Igreja, porque não vêm a Igreja como – O Corpo de Cristo. Então, quando alguém se compromete com afinco na fé, nos causa admiração. Assim a irmã Luiza nos impressiona pelo comprometimento; vamos tentar demonstrar: Irmã Luiza é casada e tem três  filhos; cuida da mãe idosa que tem alzaimer; Luiza é tesoureira da Igreja, também é responsável pela cantina aos domingos onde faz os quitutes para vender e arrecadar dinheiro para as obras da Igreja, além disso é a pessoa que mora mais longe da igreja na área urbana; participa de todas as orações da madrugada, onde vem de moto com a filha as cinco da manhã. Cuida da contabilidade do marido e lava a roupa de todo mundo na casa e faz o almoço também.

Na Igreja, irmã Luiza dirige os cultos quando eu e minha esposa Naid faltamos, resolve problemas eclesiásticos na nossa falta e sempre nos dá informações precisas do trabalho cristão. Então temos orgulho dela que está na Igreja há cinco anos.

Com tudo que se viu acima, irmã Luiza é uma das pessoas que mais participa dos cultos, sendo o membro que mora mais longe, nunca se envolve em fofoca e cuida muito bem dos filhos adolescentes; vai pras filas de bancos e resolve boa parte dos problemas da casa. A irmã Luiza nos surpreendeu bastante. E temos que reconhecer o seu valor, eu digo: há se tivéssemos umas 30 pessoas na Igreja como a irmã Luiza ?? !! Eu sei que esse texto pode e vai causar ciúmes, mas eu não posso deixar de reconhecer o valor da Irmã Luiza, uma pessoa rara. “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada.” Provérbios 31:30



Pr. Pedro Paulo

sábado, 16 de julho de 2016

Frida Vingren: seu esquecimento e morte


Frida Vingren (1891-1940): quando uma missão vale 

mais que a vida



O lançamento da biografia da missionária Frida Vingren editado pela CPAD foi aguardado com muita expectativa pelos estudiosos da história das Assembleias de Deus no Brasil, pois muitas informações sobre a pioneira, seu ministério e as polêmicas envolvendo seu nome já eram conhecidas através dos escritos do sociólogo Gedeon Alencar, o qual desde fins dos anos 90 tem resgatado a memória da senhora Vingren.

Alencar fez uma extensa pesquisa sobre Frida como parte da sua tese de mestrado e doutorado. Em 2009 já havia publicado um artigo na revista Religiões em Diálogo intitulado Frida Vingren (1891-1940): quando uma missão vale mais que a vida - e nesse texto detalhado a atuação da mulher de Gunnar Vingren nas ADs e a oposição ao seu ministério. Em sua tese de doutorado, o sociólogo teve a ajuda da jornalista Kajsa Norell, que lhe deu vários livros, jornais e cartas dos suecos digitalizados lhe auxiliando grandemente na pesquisa. Dessa forma, novos detalhes foram incorporados e, o espanto sobre os acontecimentos aumentando.

Frida, os filhos e Gunnar: ele lembrado sempre, ela esquecida por décadas
O livro editado pela CPAD, diga-se de passagem, mesmo sendo uma versão oficial - tem seus méritos - e através dele pode haver uma complementação e aprofundamento de algumas questões trabalhadas na acadêmia. Isael de Araújo teve como fontes de informações, além dos arquivos do Centro de Estudos do Movimento Pentecostal (Cemp), depoimentos dos filhos e netos de Gunnar e Frida Vingren feitos em sua viagem a Suécia em 2008.

É através desses depoimentos, que o autor procura tirar uma dúvida cruel - dúvida essa levantada por ele mesmo no Dicionário do Movimento Pentecostal - Frida teria sido abandonada num manicômio, morrido e sepultada como indigente? Pelo testemunho dos filhos a resposta é não. Na verdade, ela teria tido períodos de internação, com idas e vindas, onde sua situação foi ficando cada vez mais crítica. Os filhos teriam tentado cuidar da mãe até o seu falecimento.

Apesar da escrita ser feita em tom conciliatório (ao contrário de Gedeon que é polêmico), Isael de Araújo descreve momentos que revelam as dificuldades enfrentadas pela viúva de Gunnar Vingren. Frida, ao que tudo indica, realmente esteve muito doente e foi internada num sanatório, mas é intrigante saber que poucos irmãos da igreja iam visitá-la, e que depois de algum tempo ela "teve que padecer a acusação de alguns pastores" de que estava com "problemas mentais".

Ou seja, é perceptível que Frida era um problema, um peso, uma questão delicada para a igreja. A acusação de que estava com "problemas mentais" revela toda a indisposição do ministério sueco para com ela. Isso fica ainda mais visível no relato da família sobre a maneira discretíssima que Lewi Pethrus anunciou a morte de Frida na igreja, a qual foi feita após o término do culto, de forma lacônica. Segundo os filhos Ivar e Margit, eles esperavam que Pethrus pelo menos "falasse um pouco mais sobre a mãe deles no culto".

Ainda segundo o relato da família, a igreja Filadélfia cuidou do sepultamento de Frida, sendo ela enterrada no mesmo cemitério onde estava Gunnar. Então dessa forma, Araújo prova que a pioneira não foi enterrada como indigente, mas teve alguns cuidados em sua morte e sepultamento. Menos mal para uma pessoa que já era considerada morta socialmente para a comunidade de fieis.

Fontes:

ALENCAR, Gedeon Freire de. Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011. Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2013.

MORAES, Isael Araújo de. Frida Vingren: uma biografia da mulher de Deus, esposa de Gunnar Vingren, pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.