A arte de ser discípulo de Jesus.
O ministério de Jesus havia praticamente iniciado. Dias de curas, milagre e proclamação das “Boas Novas”. (Lc. 5:1-11) Cristo era a sensação do momento. Como todo “fenômeno”, multidões o seguiam. Na verdade muitos ou quase todos que estavam atrás Dele, não estavam muito interessados em quem Ele era de verdade. Estavam ali pelo o que Ele podia fazer. Jesus, que não era bobo, sabia disso.
Até que, pressionado pela multidão, chega à beira do lago de Genesaré. Lá encontra Simão, Tiago e João que estavam junto com os demais pescadores, trabalhando. Não estavam no meio da multidão. Não estavam interessados necessariamente naquele “movimento”. Muito embora pudessem até estar curiosos sobre os boatos que percorriam a região, eles estavam cuidando da própria vida. Já haviam ouvido falar de Jesus, mas não entraram na massa.
A verdade é que, daquela multidão, eram poucos os que estavam interessados no que Jesus ensinava. Quase ninguém, se pensarmos na proporção que o seguia, estava ali para ouvir as suas palavras. Estavam interessados no espetáculo, no show. Cegos vendo, aleijados curados, demônios expulsos, eram coisas que não se viam todo dia.
Olhando para esse texto, percebo algumas características daqueles homens; que influenciaram Jesus a convocá-los:
- Eles estavam cuidando da própria vida:
Não estavam enfiados no meio da multidão diariamente. Não estavam atrás de oba-oba. Tinham até interesse em conhecer o Jesus de “Nazaré”, mas eles tinham suas responsabilidades, suas obrigações.
Ser discípulo de Jesus não é entrar em qualquer massa “evangélica”, não é viver de igreja em igreja procurando milagres e acontecimentos extraordinários. Fazer parte da multidão não significa ser discípulo de Cristo.
- Eles deram ouvidos à palavra de Jesus:
Embora não estivessem diariamente com a multidão atrás de Jesus, eles aparentam ter um pouco de conhecimento de quem se tratava. Concluo então que, fazer parte da multidão não significa conhecer a Jesus.
Quando Jesus dá a primeira ordem, eles obedecem. Vão para alto mar. Logo após, o Mestre pede que lancem novamente as redes. Ora eles já haviam trabalhado a noite inteira! Não obtiveram resultado! Até que Pedro diz: “Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes" Lc 5:5.
Eles não só ouviram a ordem de Cristo atentamente, mas obedeceram. Tenho certeza que, no meio daquela multidão, muitos sequer davam atenção ao que Jesus dizia. O discípulo de Jesus não está atrás de milagres, isso não é a prioridade. Ele esta ali pra ouvir Jesus de perto e aprender com Ele. Ele está ali para obedecê-lo, para aplicar seus ensinos na sua vida. Concluo então que, fazer parte da multidão não significa obedecer a Jesus.
- Eles estavam dispostos a abrir mão de tudo por Jesus:
As redes ficaram para trás. A convite de Cristo, eles agora seriam “pescadores de homens”. E aqueles homens aceitam o convite. Eles queriam seguir a Jesus de perto, aprender com o Mestre diariamente. Conviver mais próximo Dele.
Com o tempo, aprenderiam na prática que, seguir a Jesus não é nada fácil. Em dado momento do seu ministério, Jesus arrocha sua mensagem, conforme narra João 6 em diante. Muitos dos que estavam na multidão disseram: é um preço muito alto a se pagar, suas palavras são muito duras – e se retiraram.
Jesus então franqueia a oportunidade aos doze: Não querem vocês também dar no pé?! Até que Pedro diz: “Ficaremos, pois só o Senhor tem as Palavras de Vida eterna!”.
Os discípulos de Jesus o seguem pelo que Ele é; e não pelo que Ele faz. Os seguem porque reconhecem que Ele é o Senhor, e nós pecadores. Os seguem porque Ele é “o caminho, a verdade e a vida!”. Os verdadeiros discípulos de Jesus abrem mão de tudo por amor a Ele. São discípulos por amor a Ele, e pagam o preço por isso.
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Diante disso, me pergunto: Quantos de nós, na verdade, somos discípulos de Jesus hoje? De quantos discípulos nossas igrejas são formadas hoje?
Seguir a Jesus é um privilégio, mas também é um desafio, uma arte.
Pergunte-se se você é um discípulo, ou mais um na multidão.
E glórias a Ele.
Marcello Matias, pastor.
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